CAI O PANO !!!
Sei que o momento é crítico e não é hora de desunir a categoria; sei também que estamos todos com os nervos à flor da pele devido às pressões do patrão e repressão permanente, isso sem falar na pilha de processos, sempre à nossa espera; sei que a maioria de nós, principalmente quem tem família para sustentar, anda afogado em dívidas e empréstimos a juros escorchantes, porque, afinal de contas, e no final das contas, literalmente, é preciso comer. Mas, apesar de sabedora de tudo isso, venho a público colocar as cartas na mesa, sob pena da nossa indignação virar chacota dentro dos templos e também no blog da dona Rosane de Oliveira: vamos, portanto, arrancar a máscara do sindicato pelego!
O Sindjus não serve à categoria; os seus dirigentes, na verdade, servem aos interesses do patrão. Preferem usar a máscara da “política da boa vizinhança”, da mesma forma que usaram com as promessas falsas do Marcão, ano passado. Tudo o que eles queriam mesmo era a recente cartinha do Armínio, prometendo vagamente um reajuste etéreo, sem data, nem índice, nem coisa nenhuma. O que eles querem mesmo é a vagueza, a ambigüidade, o “me engana que eu gosto”. Só não sabemos se efetivamente lhes falta massa cinzenta, como diria Hercule Poirot, ou se estão usando de escancarada má-fé. Pelo que temos observado, ficamos com a segunda opção, afinal, nem o meu filho caçula acredita mais em Papai Noel...
Na sexta-feira passada, durante a reunião de representantes no City Hotel, aconteceu o inusitado, o escatológico, o inacreditável: fingindo que esqueceu das deliberações da Assembléia Geral do dia 1° de agosto, o diretor-e-cara-de-pau Luiz Mendes apenas rasgou o próprio Estatuto, colocando em votação uma nova data para a Assembléia em que será votada a deflagração ou não da greve do Judiciário estadual. Para quem não sabe, vamos transcrever parte do Estatuto, para que os colegas compreendam a gravidade da atitude da criatura:
Título III – Dos órgãos de deliberação da categoria
Capítulo I – Disposições Gerais
Art. 52 – Constituem as instâncias de deliberação da categoria:
I – Congresso Estadual;
II – Plenária Estadual;
III – Assembléia Geral.
Seção III – Das Assembléias Gerais
Art. 62 – A Assembléia Geral é o órgão de deliberação da categoria dos trabalhadores do Judiciário do RS, soberana em suas decisões, tendo direito de voz e voto todos os trabalhadores do Judiciário gaúcho, mesmo que não filiados.
Ora, o que fez Luiz Mendes? Resolveu, por óbvio, dar uma de Armínio, e sair atropelando a decisão da AG do dia 1° de agosto: marcar a próxima Assembléia para exatamente uma semana após o CONSEJU, isto é, uma semana após o dia 5 de setembro. Logo, pela soberana votação, deflagraríamos ou não uma greve no dia 12 de setembro. Bem, já que o Armínio legisla por atos administrativos, por que então não poderia o Luiz Mendes dar a uma simples reunião de representantes o poder de revogar uma soberana decisão tomada em Assembléia Geral?
Parece que a turma aprendeu rapidinho a lição, não é? Prova disso é que no CONSEJU haverá até palestra de Desembargador... isso sem falar na visitinha cordial da equipe da Ajuris, falando em cumplicidade... ah, não acreditam? Leiam no site!
Pois numa votação totalmente ilegal e arbitrária, Luiz Mendes, desrespeitando o próprio Estatuto, decidiu (por um voto apenas) que a próxima Assembléia será realizada no dia 26 de setembro. Ora, para quem anda fazendo operação-padrão, suportando as ameaças da chefia e pressões da Presidência, ficar nessa situação até 26 de setembro, realmente, é para desmobilizar o que foi conseguido, a duras penas, até agora. E bem sabemos que este é o objetivo desta direção pelega. Lamentável...
Quando, na reunião de sexta passada, eu pedi a palavra e fui lá para a frente, microfone em punho, acusar a direção de ser uma figura meramente decorativa, realmente, eu estava enganada. Confesso, agora, que nem para decoração eles servem. Pois foi o Luiz Mendes, indignado, batendo o pezinho no chão, cobrar “respeito, respeito, e respeito”. Dedo em riste, lembrava ter a Assembléia passada gravada em vídeo (que bom, vamos precisar mesmo da fita para comprovar o quão esquecidos, para não dizer mentirosos, são vocês, com suas preparadas caras-de-paisagem). Pois saiba que eu filmei, bem quietinha, toda a reunião de representantes, e vou colocar o vídeo no site do you tube, para que todos possam ver a mentira e o desrespeito para com a categoria.
Atenção, Luiz Mendes: a categoria também pede respeito, antes de tudo, para com seus próprios neurônios. Parece que a síndrome da subestimação veio lá da Presidência e se espraiou para o sindicato: de novo, pensam que somos imbecis e não estamos entendendo a manobra da desmobilização. Para isso, vale fazer cartinha para o Presidente pedindo reajuste (escrevam logo para o Papai-Noel!), vale fazer reuniãozinha com a Ajuris, vale dar declarações idiotas aos jornais, dizendo que a categoria está esperançosa com a migalha que porventura caia no nosso prato, sabe-se lá quando, e por aí segue o baile... vamos lembrar, por exemplo, que a barraca em frente ao TJ foi aprovada quase que por unanimidade na última Assembléia, e os únicos votos contrários vieram, justamente, da direção do sindicato. Curioso isso, não?
Tudo o que parecia favorável à categoria era dispersado pela direção. Votaram contra a barraca, votaram contra a colocação de painel divulgando os privilégios de Suas Subsidiências, votaram contra a greve e as únicas sugestões eram atos públicos e mateadas. Que bela maneira de reivindicar reajuste! E agora, no vindouro CONSEJU, tentarão modificar o próprio Estatuto, retirando o poder soberano da Assembléia Geral. E lá vão eles, os diretores, seguindo a mesma linha da Presidência. Daqui a pouco, como as coisas vão, estarão ostentando seus aventais de aprendizes, já que haverá até desembargadores no nosso Congresso. Fosse uma época de paz e respeito, é claro que Sua Excelência seria bem-vinda, mas, na conjuntura atual, soa como acintosa a presença de um magistrado no CONSEJU. Ou será que eu estou errada?
Em breve, colegas, vou postar aqui o link para que todos possam ver a quem serve a direção do Sindjus. Mas a boa notícia é que não deixaremos a categoria à deriva: mais do que nunca, é preciso unir forças com os colegas. Afinal, nós não dependemos e nem legitimamos uma pseudo-direção de sindicato que fere nossos direitos e entrega nossa cabeça numa bandeja para o patrão. A categoria é muito mais do que Luiz Mendes, Válter e companhia limitada. Não dependemos deles para deflagrar a greve. Estamos tomando medidas legais contra eles, inclusive, pela prática anti-sindical e desrespeito ao próprio Estatuto.
Basta desta diretoria falaciosa: vamos nós mesmos convocar a Assembléia Geral e deflagrar a greve, até porque é a única forma viável de obtermos um reajuste digno. Não somos esmoleiros para aceitar qualquer centavo, nem vamos nos curvar diante da traição de quem deveria nos defender. Convoquemos a Assembléia e vamos exigir um reajuste que contemple todas as nossas perdas.
Basta de mentiras, Sindjus!