A inconformidade de um guerreiro veterano
Hoje é o dia em que os salários dos trabalhadores da justiça gaúcha "passam" pelas suas contas bancárias, ameçam aterrissar, taxiam na pista e levantam vôo novamente, mal deixando um rastro nas suas carteiras após o pagamento das contas do mês, que se compoem em boa parte do desconto de empréstimos, juros de cheque especial e cartão de crédito e outros tantos esquemas escorchantes de crédito a que nos submetemos (inclusive a agiotagem do próprio banco do Estado, o Banrisul) para continuar "tentando" sobreviver em um padrão de vida pouco mais digno que o de um cão de rua.
E, para a maioria, foi também o dia final da desilusão com a expectativa criada em torno do recebimento dos retroativos da minguada reposição de 12% (embora sem a coisa fosse pior). Em boa parte dos casos, fechados os cálculos do contracheque, a diferença foi quase toda engolida pelo Imposto de Renda e pelo IPERGS, restringindo-se a míseros R$ 70,00 líquidos para um oficial escrevente de entrância intermediária com 23 anos de serviço, por exemplo.
Assim, para embalar nossas reflexões, e manter a chama da indignação com a realidade, e principalmente com suas causas imediatas, reproduzimos, hoje, a carta enviada por um veterano batalhador que, aposentado há anos, se faz presente há décadas em nossa luta, nunca desistindo dela, o companheiro Pedro Paz, há alguns dias, para o líder do Movimento Indignação:
Pelotas, 11 de setembro de 2011
Camarada Ubirajara Passos
Comarca de: Gravataí - RS
Hoje resolvi escrever esta carta. O colega é o único que compreende dentro sindicato. Lutamos desde o começo do ano por esta reposição salarial (eu até fui parar numm dos hospitais aqui em Pelotas, tal o desgaste que tive, a minha pressão foi a 18 por 11, e estou proibido pela minha cardiologista de me incomodar) e veja: vamos receber 6,59% este ano e eu vou pagar 14% de previdência. Na realidade vou receber apenas 3,59%.
Deixamos de ser servidores do poder judiciário, voltamos para o executivo, o nosso chefe é o Carlos Pestana, chefe da Casa Civil, durante a administração do camarada Tarso Genro. Nós servidores do judiciário fomos derrotados, eu não fui consultado sobre a mudança no projeto de reposição salarial.
Atenciosamente,
Pedro Paz
Oficial de Justiça Aposentado