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Movimento Indignação
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9 juin 2011

Trabalhadores da justiça gaúcha estão de luto: O SENSO LÓGICO E A VERGONHA FORAM CRUELMENTE ASSASSINADOS ONTEM

 

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Na fria e lúgubre tarde de ontem, 8 de junho de 2011, no salão da Igreja Pompéia, em Porto Alegre, em plena Assembléia Geral do Sindjus-RS deu-se o óbito da lógica e da vergonha na cara, sob os aplausos, e incentivo,  intensos da diretoria mais pelega e abobalhada da história do sindicato.

Ao constatarem, incrédulos, que haviam conseguido murchar toda a mobilização e indignação da categoria com a infeliz vidinha de gado que o nosso patrão nos propicia, alguns diretores, de olhos esbugalhados, só faltavam pular e bater palmas, como criancinhas pequenas, de tanta alegria!

Após dois meses de conversa mole, de deixa-disso, de descumprimento repetitivo de decisões (como a da denúncia na imprensa do escândalo do auxílio-moradia retroativo da magistratura) e de nenhuma ênfase e empenho na mobilização da categoria, os nosso audazes e felizes dirigentes sindicais, finalmente, conseguiram derrotar a greve e impor a aceitação muda e cabisbaixa da esmola de 12% oferecida pelo patrão, consagrando a desistência da exigência dos 27% e remetendo todo o restante das perdas salariais da categoria para serem "diluídas" (o que pode significar esquecidas ou distorcidas) num plano de carreira que, a continuar com sua atual linha de opressão e produtivismo puro e simples, ou não garantirá a recuperação de perda nenhuma ou, na hipótese de vir alcançar algum benefício, jamais será aprovado.

E, não contentes com a extinção de toda inconformidade e combatividade que movimentaram milhares de companheiros pelo Estado durante este período, frustrando uma categoria inteira, conseguiram impor, através do voto da maioria dos presentes (diga-se de passagem, escassa maioria), uma série de atividades inócuas, verdadeira pantomima de mobilização, em prol da migalha autoritariamente imposta pelo patrão e pela aprovação no Pleno, dia 27, da carga horária de 7 horas diárias, sem que se saiba exatamente em que condições reais ela será implementada, pois, conforme as últimas notícias divulgadas, o Tribunal de Justiça conseguiu transformar a reivindicação vintenária de horário uniforme do meio-dia às dezenove em um expediente ampliado de 9 horas para todos, com diferenciação de horários entre os grandes setores e comarcas (onde pretende se implantar dois turnos alternados de 7 horas) e os pequenos (que ao invés de verem atendido o antigo pleito receberão de presente a continuidade da carga de 8 horas com A REDUÇÃO DO ALMOÇO PARA 1 HORA APENAS!).

Ninguém diga que desta vez a mesa diretora, advertida pelas críticas veiculadas pelos próprios servidores no e-mail setorial, e pelo mal-estar estabelecido na Assembléia Geral anterior, não cumpriu rigorosamente o protocolo. Desta vez a discussão foi feita em ponto único, deu-se a possibilidade de vinte inscrições para tanto. E houve defesa das propostas. Mas a própria limitação de inscrições e das defesas dos encaminhamentos (SOMENTE UMA para cada posição, pró e contra a greve), numa Assembléia de tal importância e gravidade, nos dá o índice do cinismo e matreirice da pelegada dirigente. Que, aliás não dispensou, logo no início, o teatro de marionetes, fazendo, através de companheiros escolhidos a dedo, a narração (devidamente distorcida) de como os servidores foram, passo a passos, murchando e se encolhendo a medida em que o tempo passava, os períodos de paralisação aumentavam de 1 hora diária para um dia por semana, a greve se distanciava cada vez mais, e o patrão endurecia.

Tudo muito bem explicado, como se, na verdade, a queda da mobilização não fosse o resultado do natural cansaço, do desgaste decorrente das atitudes de uma liderança institucional que escancaravam, a olhos vistos, nenhum compromisso com nossos direitos, com a luta aguerrida e espontânea da companheirada, nascida na indignação e mantida exclusivamente na vontade dos servidores, enquanto a diretoria fazia, propositalmente, corpo mole, e não demonstrava nenhuma capacidade efetiva de comprar a briga e dar sustento à resistência da categoria quando a repressão à greve, morta antes mesmo de nascer, viesse a ser desencadeada.

O resultado infeliz do assassinato da oportunidade única que se estabeleceu em 2011, depois de um longo sono de uma década e meio,  de uma greve consciente, combativa e vitoriosa, do esfriamento calculado e forçado pela teimosia de uma direção em total descompasso com a categoria que legalmente representa, é a onda de acomodamento necessário a nos manter como ovelhinhas ternas e obedientes, prontas para serem abatidas e sacrificadas no altar dos privilégios da magistratura e da política produtivista, e de cassação de direitos, da cúpula do Judiciário gaúcho, a serviço dos interesses do grande capital nacional e internacional. Para o próximo ano se avizinha a desestruturação completa dos serviços, com a adoção de chefias FG (puxa-sacos de plantão), de "flexibilização da carga horária", implantação da remoção de ofício e um de plano de carreira onde o patrão promoverá quem quiser (pois nos primeiros graus a ascensão se dará exclusivamente pela "avaliação do desempenho" auferida pelo chefete de plantão) e quando quiser (já que a última versão continua a vincular as promoções às possibilidades da lei de responsabilidade fiscal), mas servirá para implantar um modelo de gestão típico da fabriqueta de calçados mais desrespeitadora dos direitos trabalhistas possível.

Funeral_sindical
Assembléia Geral esvaziada, após a derrota da greve, quando ainda se discutia mobilizações "alternativas"

A verdade pura e simples é que, apesar dos servidores terem despertado para a mobilização combativa e consciente por seus próprios méritos, tiveram toda a sua luta, todo o esforço feito desde o brado inconformado da comarca de Planalto, no final de março, jogados na cova profunda por uma direção sindical totalmente apartada e contra a própria categoria. E infelizmente teremos de suportar ainda por dois longos anos, enquanto o patrão investirá furiosa e cruelmente sobre os últimos direitos que ainda possuímos, esta diretoria sindical papa-defunto, inerte e colaboracionista, cujo infeliz papel é travar, impedir, desestimular e destruir toda e qualquer luta legítima e corajosa dos servidores. O que ficou mais do que claro e evidente, em todo este processo, para a maioria dos trabalhadores da justiça.

Mas como uma Assembléia Geral do sindicato, via de regra, não conta com a presença da maioria (ou de um número significativo, como foi a de 20 de maio, que não se repetiu ontem) dos servidores, e acaba se constituindo num ritual competitivo, onde a capacidade de arregimentação dos contendores (e a da direção executiva, pelo domínio da estrutura material é imensa) e a força pulmonar de seus líderes é mais eficaz do que a lógica e a própria consciência, se tornou possível a esquizofrenia política vigente, onde um corpo são e enérgico é conduzido por uma cabeça carcomida e sadomasoquista!

O Movimento Indignação esteve, durante toda a longa mobilização, ao lado da categoria, incentivando e colaborando com suas decisões e atitudes mais combativas, lúcidas e inconformadas possíveis e crê que, apesar da frustração que se abate sobre cada lutador consequente, diante dos fatos, ao menos o esforço de todos nós serviu para iluminar a cabeça de muitos companheiros nossos pelo interior afora, para aproximar as pessoas e para dar início a uma disposição espontânea de mobilização, com uma garra nunca vista. É natural que  agora venha a ressaca, a decepção, mas não podemos deixar que a combatividade nascida neste ano morra. Ela poderá ficar como brasa adormecida, quietinha, coberta por cinzas, mas acreditamos, como dizíamos hoje, a um companheiro de São Borja, que é um valente lutador dentre os tantos que acompanhamos, que ela poderá ainda ser reanimada pela ventania, quando, infelizmente, as ameças de aprofundamento das más condições de vida e de salário começarem a se fazer concretas, quem sabe antes, algum tempo adiante.

Vamos continuar companheiros, em vigília permanente, manter o contato e nos preparar para retomar a luta, antes que seja tarde demais e os nossos filhos já estejam sentido na própria carne o resultado do futuro que se avizinha.

movimento indignação

 

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S
-"INACREDITAVEL" Essa é a palavra que encontrei para dizer depois de todo o alvoroço e barulho (apitaço) que a categoria fez em frente ao TJ para dizer que não aceitaríamos mais migalhas, ai é jogado um balde de água fria em todos nos, nosso estimado sindicato vem com esse papo de aceitar os 12% e lutar pelos outros 15% que ficaram faltando,nem mesmo lutou para que recebêssemos esses 12 de uma só vez, é vergonhoso, e olha que já haviam me falado que aquele barulho não ia dar em nada, mas eu não acreditei,achei que aquelas pessoas que la falavam em bom tom no microfone em frente ao TJ eram fieis a causa.Fizemos o papel do traído(a) que deu mais uma chance ao traidor,vai aqui a duvida:Será que eles não vão trair novamente. A maior dor é saber que esses 12% em três vezes não vai nem aparecer em meu defasado contracheque....e olha que meu velho pai sempre falava: - Filho,estuda,porque neste mar é cheio de tubarões famintos. É pai,tu tinhas razão.
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D
É a pelegada, dormindo a berço esplêndido!!!!!!
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Um blog para lutar em defesa dos Servidores da Justiça do Rio Grande do Sul. Os autores propugnam pelos princípios republicanos; almejam uma sociedade justa

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