REPOSIÇÃO SALARIAL: permanece o silêncio do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. ASSEMBLÉIA GERAL JÁ!
Diante da pressão dos servidores, fortemente mobilizados, de inúmeras comarcas, desde a semana passada (entre elas Gravataí, Santana do Livramento, Tapes, Frederico Westphalen, Giruá, Sarandi, Não-me-Toque), a direção do Sindjus finalmente saiu da inércia e foi ontem ao Tribunal de Justiça cobrar uma definição sobre a reposição e demais itens da atual pauta reivindicatória.
Conforme se pode constatar, entretanto, da matéria divulgada no site da referida entidade, na noite passada, ainda que atendendo ao clamor da categoria, incendiada em revolta sagrada contra o baixo salário e a falta de condições de trabalho, o fizeram de forma parcial, balbuciante e indigna do fogo reivindicatório que anima milhares de trabalhadores pelas comarcas do Estado afora.
Pelo que se entende do texto, foram recebidos pela "administração do tribunal" (que, pela expressão indefinida usada, tanto pode representar o Diretor-Geral, quanto o zelador do Palácio), que apontou, vagamente, para a próxima semana, a possibilidade de realização de uma audiência do Presidente do Tribunal de Justiça, o supremo mandatário do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul, com o sindicato. Permanece, portanto, o silêncio inadmissível e acababrunhador do patrão judiciário quanto à premente necessidade de recuperação imediata de metade das perdas (27%) e adoção da recuperação anual da inflação (pelo IGPM), a partir do próximo ano, em cumprimento ao art. 37, X da Constituição Federal.
Não pretendemos ensinar nossos dirigentes a fazer sindicalismo, nem a representar a categoria, pois para isto eles foram eleitos, muitos inclusive já por várias gestões. E podemos entender que não tenham uma resposta para dar aos trabalhadores da justiça, diante da insensibilidade e indefinição patronal. Mas temos certeza de que, se não foram recebidos pelo chefe maior do Poder (o responsável formal pelas grandes decisões) é porque não foram contundentes o suficiente na sua ação (que deveria se constituir, no mínimo, num cerco de solicitações permanentes, como faz qualquer advogado, por exemplo), desmoralizando o patrimônio de pressão criado pela mobilização de praticamente a unanimidade dos servidores nas paralisações realizadas no último mês de abril. Afinal, não adianta solicitar, tímida e cordadamente, mas é necessário exigir, pressionar, reivindicar, como está fazendo a massa da categoria, de forma a se fazer ouvir.
Mas se sua atitude ainda é compreensível quanto à forma de encaminhamento da auto-proclamada "pressão", a decisão, tomada logo após, de manter, burocraticamente, a reunião de representantes deliberada na Assembléia Geral de 8 de abril, fixando-a para a próxima quinta-feira dia 12, é simplesmente um descalabro.
A esta altura dos acontecimentos, em que a grande massa dos trabalhadores do judiciário gaúcho já demonstrou que não está para brincadeira, que não aceita mais sofrer, e ver seus colegas morrerem em pleno trabalho, sem salário nem condições dignas, e que pode chegar até a greve para fazer valer suas necessidades, é preciso que se convoque IMEDIATAMENTE uma Assembléia Geral dos trabalhadores do judiciário, para que estes possam deliberar, por envolver a vida de todos nós, os próximos passos de pressão sobre o patrão, que haverão de ser bem menos brandos, mais contundentes e visíveis do que os adotados até o momento.
Colegas de Santana do Livramento na luta
Se o Tribunal de Justiça, mesmo diante do clamor ensurdecedor de seus funcionários, insiste em se fazer de desentendido e prossegue com o jogo de postergar sua contraproposta, apostando no arrefecimento, por cansaço, da nossa mobilização, é necessário, para dobrar sua má vontade política, que tomemos as atitudes graves que o momento requer, respondendo com a única arma capaz de dobrar a falta de atenção para com a categoria e o privilegiamento de uns poucos altos salários, em detrimento da grande massa dos quadros do Judiciário. E não há outra resposta a não ser manter-nos firmes nas reivindicações, especialmente na exigência de reposição total das perdas até no máximo um ano e imediata consagração em lei de política salarial que contemple a recuperação anual integral da inflação, cumprindo o texto direto e simples da Constituição Federal.
O que somente surtirá efeito se for acompanhado do ânimo incoercível de cruzar os braços até que os dirigentes máximos do Judiciário nos respeitem, nos ouçam e atendam ao nosso brado. E esta decisão, para ser eficaz, tem de ser IMEDIATA e contemplar a participação do maior número possível de trabalhadores. A reunião de representantes, em que pese as qualificações das lideranças que nela discutem, é uma instância extremamente restrita, que não possui condições políticas de tomar este tipo de decisão, e sua realização prévia somente postergará o que é URGENTE e GRAVE demais para esperar!
Somente a Assembléia Geral, que pode ser realizada na próxima sexta-feira, 13 de maio, sem quaisquer empecilhos estatutários de prazos ou mesmo necessidade de maior tempo para mobilização (pois os setores de trabalho fervem de indignação e vontade de ação e não há maior dificuldade para se reunir até 1500 companheiros em oito dias), tem condições de tomar pé, neste momento, da campanha salarial, e deflagrar um grande movimento que ponha fim à precariedade e o sobressalto que enfrentamos, a todo momento, em nossos bolsos, em nosso trabalho e em nossas casas.
Colegas de Porta Alegre fazendo a Primavera de Abril acontecer
O Movimento Indignação espera piamente que os atuais diretores do Sindjus-RS não se encontrem no mesmo ânimo de desfaçatez com seus representados que os levou, no ano passado, a impor, numa reunião de representantes, se utilizado dos mais absurdos e manipuladores argumentos, a aceitação muda e cabisbaixa de um reajuste insuficiente e indigno de 4,76%, e assuma definitivamente o papel que lhe exige a sua posição de dirigentes sindicais, e o momento histórico, de firmeza, combatividade e agilidade a toda prova. Pois os trabalhadores da justiça, hoje, já não são os mesmos de um ano atrás. De lá para cá vivenciaram um salto de consciência, inconformidade, indignação e vontade de lutar que já não admite meias medidas, ajeitamentos e conchavos ingênuos e prejudiciais aos seus interesses e necessidades prementes. Se a direção sindical não souber enfrentar, com o denodo e respeitabilidade que cabe, o Tribunal de Justiça na luta por uma vida digna de gente para os servidores da justiça, estes se encarregarão de fazê-lo por si próprios, e poderão mesmo substituir aqueles que não lhes estejam representando condignamente.
Mostre, portanto, companheiro servidor, que já não aceitamos mais enrolação, nem do patrão, nem do sindicato. E envie um e-mail para a direção do Sindjus, agora mesmo, exigindo a convocação de ASSEMBLÉIA GERAL COM INDICATIVO DE GREVE PARA 13 DE MAIO PRÓXIMO, em que se comemora, casualmente, a ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA.
movimento
INDIGNAÇÃO