ELEIÇÕES DO SINDJUS, COMO VOTAR?
Está chegando o dia da eleição para a direção do nosso sindicato. Analisando as propagandas divulgadas pelas duas chapas concorrentes, podemos chegar a algumas conclusões.
A Chapa 1 assume-se claramente como de direita e agente do Tribunal de Justiça, nosso patrão, com um discurso despolitizado e mentiroso de antipartidarismo. Despolitizado porque defende que para estar na frente de um sindicato o trabalhador não pode ser um militante partidário, não pode ter posições políticas, tentando passar a falsa ideia de que uma “neutralidade”política seria o requisito básico para um diretor sindical. Falso porque o “sem partido”, propagandeado por eles significa na realidade “sem partido que não seja o nosso”, pois na nominata da chapa 1 estão presentes vários militantes de partidos da direita.
E são exatamente estes partidos da direita que aqui no estado e no país atacam os trabalhadores, foram estes partidos dos militantes da chapa 1 os responsáveis pela aprovação da reforma trabalhista, que retirou direitos e precarizou ainda mais as relações de trabalho, não impedindo o aumento absurdo do desemprego no país, cujo combate foi a justificativa mentirosa para realizar a reforma. E são esses partidos dos militantes da chapa 1, a chapa “sem partido”, que defendem a reforma da previdência imposta pela burguesia e seu governo Bolsonaro, que praticamente acaba com a aposentadoria pública e condena o trabalhador a envelhecer trabalhando, ou trabalhar até morrer.
A Chapa 1, a chapa dos agentes do patrão, ao falar de um suposto “radicalismo” que seria característica da chapa concorrente, deixa claro que sua proposta de direção é o aprofundamento do servilismo, passividade e docilidade em relação ao patrão característicos das duas últimas gestões, colocando-se claramente ao seu lado contra os interesses dos trabalhadores do judiciário.
A Chapa 1 não deixa dúvidas: é a chapa da direita, apoiada e com militantes de partidos burgueses tradicionais empenhados em atacar a classe trabalhadora e mantê-la submissa aos patrões. É a chapa que assumirá e aprofundará o papel de agente do TJ cumprido pelas duas últimas gestões do sindicato.
Esse momento é importante para a nossa reflexão e não deveríamos colocar todas as nossas expectativas nas eleições para a direção sindical. Independente da chapa que for vitoriosa, a estrutura sindical prevista no estatuto do nosso sindicato permite que as direções fiquem sem controle pela base e sujeitas à burocratização e à submissão ao patrão. Precisamos urgentemente fazer a reforma estatutária para que a categoria assuma o poder de decidir as estratégias e táticas de luta entre as alternativas apresentadas pelas diferentes correntes, bem como o controle de sua direção, podendo destituir a qualquer tempo do cargo de diretor aquele que não atender os deveres do mandato a ele creditado.
Diante disto, a Chapa 2 deveria deixar claro para a categoria suas verdadeiras intenções. Frases genéricas como “atitude” e “firmeza nas negociações”, não dialogam nem se comprometem com as necessidades atuais, e não passam de propaganda publicitária. Também deveria assumir o compromisso efetivo de liderar combativamente a luta por questões prementes, como a salarial, sob critérios racionais e condizentes com a dignidade dos trabalhadores do judiciário, sem meias medidas nem ajeitamentos tacanhos, como a substituição da exigência de recuperação integral das perdas históricas pela simples intenção de “avançar” em sua reposição, a defesa equívoca do Projeto de Lei de Data-Base apresentado pelo Tribunal (que nada garante e ainda limita a recuperação de perdas salariais aos limites da Responsabilidade Fiscal e das dotações orçamentárias) e de uma indefinida “flexibilização de horário” (que pode vir a dar abertura para o Tribunal forçar o trabalho exaustivo em qualquer dia e momento, a seu bel prazer) ao invés da redução da carga horária sem redução de salário.
Precisamos retomar a organização da categoria com as assembleias regionais e a organização pela base com os representes sindicais sendo apoiados em suas demandas pela direção sindical. Precisamos de uma direção que invista em uma formação sindical que priorize o conhecimento sobre a origem da classe trabalhadora e a luta de classes, bem como o interesse do capital e dos partidos de direita na despolitização da classe trabalhadora para consolidar os seus projetos de exploração e destruição do serviço público.
NO DIA 20 DE MAIO É PRECISO RETIRAR O SINDJUS DAS MÃOS DOS AGENTES DO PATRÃO!
A continuidade da chapa representante da atual direção do Sindjus significa perpetuarmos por mais 3 anos a total entrega da entidade, que deveria representar as necessidades e a vontade dos trabalhadores do judiciário, à vontade e aos desmandos do patrão Judiciário. A qual, como vem ocorrendo nos últimos anos, em que nem mesmo a categoria tem sido consultada através do instituto democrático das Assembleias Gerais sobre os rumos do sindicato, estará definitivamente transformada, de um instrumento de luta, numa coisa amorfa e subserviente a serviço do Tribunal de Justiça.
Por este motivo, no dia 20 de maio não temos outra alternativa a não ser votar na Chapa 2 para tentar fazer frente ao atraso político e submissão patronal propostos pela chapa da direita. Mas este voto precisa vir com o posicionamento crítico à subjetividade da campanha desta chapa e a exigência do comprometimento com as mudanças da estrutura sindical.
Precisamos derrotar a política de falsidade e incoerência da chapa de situação, mas precisamos ter clareza, que tão logo a próxima direção assuma, só a nossa organização nos locais de trabalho e a participação de cada um nas lutas vão mudar o comportamento e posicionamento dos novos diretores, pois sindicato não deve ser lugar de burocrata e carreirista, SINDICATO É PRA LUTAR!
Chamamos o voto na Chapa 2 para derrotar a direita e seu atraso representados pela Chapa 1. Mas não fazemos isto de forma oportunista e despolitizada traduzida em um apoio incondicional e irrestrito. Vamos exigir da próxima direção, qualquer que seja esta, acima de tudo, o respeito a decisões de assembleias, o corte imediato das vergonhosas diárias a dirigentes sindicais, a implantação de métodos mais efetivos de luta e, acima de tudo, uma reforma estatutária que garanta a democracia plena com a proporcionalidade na direção sindical e a possibilidade de destituição a qualquer momento de diretores que não cumpram as deliberações da base.
Assinam este manifesto:
Cléber Dutra - aposentado
Gilca Guimarães dos Santos – Foro Central
Joel Oliveira da Costa – Foro Central
Jorge Volkart – Foro Central
Lara de Moraes Araújo – Foro Regional Restinga
Milton Dorneles - aposentado
Régis Pavani – Tribunal de Justiça
Roberto Freitas Silveira - aposentado
Thiago Troccoli – Comarca de Rio Grande
Ubirajara Passos – Comarca de Gravataí