Depois de reuniões com os órgãos patronais que terminaram sem consenso, agentes penitenciários e socioeducativos e servidores do Poder Judiciário param as atividades a partir desta quinta-feira em Santa Catarina. A mobilização total entre os funcionários da Justiça afetará os serviços básicos nos cartórios e fóruns de todas as comarcas do Estado. Já entre os agentes prisionais a paralisação por enquanto será parcial, com a suspensão dos plantões extras, que devem afetar a segurança nasprisões.
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No Judiciário, uma última reunião ocorreu quarta-feira à tarde para tentar evitar a greve. O Tribunal de Justiça apresentou uma contraproposta com algumas melhorias salariais e de benefícios, mas não avançou no principal ponto de impasse.
O Sindicato da categoria queria que o projeto do Novo Plano de Cargos e Salários fosse encaminhado à Assembleia Legislativa em no máximo 30 dias, mas o TJ manteve a posição de enviar o texto à presidência da Casa até 29 de maio, para só então a proposta ir às comissões e depois ao plenário.
Diante desse cenário, os trabalhadores entram em greve a partir desta quinta. O sindicato espera adesão inicial de 80%, podendo chegar aos 100% nos próximos dias. O desembargador Nelson Schaefer Martins, presidente do TJ, lamentou "a possibilidade de que esta atitude possa trazer prejuízos aos cidadãos que buscam pelo Judiciário em Santa Catarina" e disse entender que o gesto do sindicato é uma "ruptura unilateral das negociações e tratativas".
Já entre os agentes penitenciários, a negociação com o governo estadual também teve avanços quanto às reivindicações da classe, mas assim como no Judiciário, uma das principais questões ficou de fora.
O sindicato dos trabalhadores defende o pagamento dos reajustes e vantagens financeiras em três parcelas semestrais (agosto deste ano, janeiro de 2016 e agosto de 2016), o governo propõe oito parcelas semestrais, começando em maio de 2016. Os agentes vão reduzir as atividades, com o fim dos plantões extras a partir desta quinta até o dia 15 de abril, quando uma assembleia geral decide sobre a completa paralisação.
Enquanto isto, no Rio Grande do Sul, apesar dos alertas do Movimento Indignação, continuamos todos dormindo em berço esplêndido, num moroso processo de "construção de mobilização" que deverá culminar somente em 15 de maio, para daí quem sabe (se o patrão já não nos tiver atropelado) iniciar alguma "pressão efetiva" sobre o Tribunal de Justiça gaúcho - o que é resultado do desânimo em que a categoria se vê mergulhada em grande parte pela falta de chamamento mais forte e firme não somente da direção do Sindjus-RS, bem como de algumas lideranças independentes.
Mas apesar disto, é necessário que nós servidores, que vivemos uma vida de cachorro, numa penúria cada vez maior (enquanto a magistratura continua a receber, sorridente, penduricalhos como o "auxílio-moradia" de R$ 4.300,00 que é maior do que o salário líquido da maioria dos servidores), tomemos coragem e sigamos o exemplo dos companheiros de Santa Catarina! Vá companheiro, à Assembléia Regional da tua região e coloque em discussão perante os teus colegas a proposta de GREVE POR TEMPO INDETERMINADO a partir da Assembléia Geral de 15 de maio próximo até que o Tribunal de Justiça garanta, por lei, a reposição automática e integral da inflação todo ano e a recuperação das perdas históricas de 54% em 4 parcelas semestrais de 11,45%!
SE NÃO TOMARMOS LOGO UMA ATITUDE FORTE E NOS ENCOLHERMOS DIANTE DAS INVESTIDAS DO GOVERNO SARTORI CONTRA O CONJUNTO DO FUNCIONALISMO E O PRÓPRIO ORÇAMENTO DO JUDICIÁRIO, LOGO, LOGO TEREMOS 0% DE REAJUSTE, BEM COMO A SUSPENSÃO DE QUALQUER NOMEAÇÃO PARA PROVER AS VAGAS DE SERVIDORES, ATÉ O MOMENTO EM QUE ESTAREMOS A PONTO DE PASSAR FOME E COM O QUADROS DE FUNCIONÁRIOS CADA VEZ MENOR.
A pretext0, publicamos novamente o poema "O papel do Sindicalista", que serve de reflexão não somente para as lideranças sindicais, mas para cada um de nós servidores e perante nossos colegas, diante do momento que vivemos:
O papel do sindicalista
O papel do sindicalista
não é suplicar, mas exigir!
Não é acomodar seus liderados,
mas despertar a rebeldia e a inconformidade.
Não é tecer considerações
sobre os motivos do patrão para pagar-nos
o sacrifício inumano do trabalho
com as migalhas da desfaçatez.
O papel do sindicalista não é bajular
os poderosos, nem iludir a peonada
na esperança de um patrão benevolente.
Não é dourar o desânimo e os equívocos
do trabalhador, mas sacudi-lo de seu sono!
Não é postar-se a espera que os direitos
de vida digna e labor humano
caiam do alto na abnegação
de um senhor privilegiado cujo fausto
é produto da necessidade
nua e feroz que tortura nossas vidas.
O papel do sindicalista
não é reforçar os pendores conformistas
da peonada que se vê perplexa,
mas, compreendendo o desemparo, despertá-la
com a luz cortante da realidade
e conduzi-la à luta sem fronteiras!
É erguer-se da planície, junto à massa,
e tomar de assalto as fortalezas
Do privilégio sem nome que relega-nos
À condição miserável de rebanho.
movimento indignação