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20 juin 2012

Relato de um colega

(Reproduzimos depoimento de colega a nós enviado para publicação. A pedido do autor, para evitar reataliações, mantemos em sigilo seu nome)


Olá, colegas, trabalho no Arquivo Central, ou podem chamar de "Depósito", "Arquivo Morto", como preferirem... Estou há quatro anos aqui, tempo suficiente para alguém bastante interessado saber muito sobre seu local de trabalho. Por isso, há pouco mais de um ano, foi-me "ofertado" uma FG. Ocorre que, desde então, eu assumi uma função muitas e muitas vezes maior do que a que já tinha SEM RECEBER NADA POR ISSO até o momento. A promessa sempre foi embasada na idéia de que era necessário um projeto de estruturação para isso. Pois é, o dito projeto continua andando "a passos lentos e sem vontade". Enquanto isso, assisto brotar FG's por aí pr'aquelas pessoas que são conhecidas do alto escalão, que são "vistas", muito pelo MEU TRABALHO. Alguns exemplos básicos: idéias que são prontamente rechaçadas e ignoradas meses depois aparecem como solução para problemas já previstos anteriormente, mas absolutamente ignorados pelas pessoas com poder para executá-las, por puro descaso ou pura falta de conhecimento do tamanho do problema, que obviamente, continuou crescendo durante esse período. Na verdade, colegas, o AJC já deveria ter fechado suas portas para mais processos há pelo menos uns seis meses, pois, só agora, quando temos que inventar locais para guardar processos é que o TJ resolveu providenciar o aluguel de um novo prédio. Só nesses seis meses de aluguel que o TJ economizou (+ - R$ 240.000,00) com a minha criatividade e, principalmente, insistência em colocar em prática "idéias malucas", pois, várias delas já haviam sido sugeridas não apenas por mim mas por outras pessoas também, eu convenci a chefia a "deixar" eu resolver seus problemas de falta APARENTEMENTE total de espaço para guardar processos. Esse é só um dos exemplos possíveis para mostrar a conduta irresponsável e a falta de um planejamento real por parte dos deuses do Olimpo contemporâneo.

Enquanto aqueles que detém um salário relativamente alto, vezes maior que o de um arigó, digo, auxiliar judiciário, conseguem encontrar meios para aumentar seus proventos apesar da Lei de Responsabilidade Fiscal e da falta de estruturação, outros seguem andando com um calçado furado, tendo que atravessar a rua quando alguém está lavando a calçada mesmo com um dia de Sol, ficam rezando para não chover no horário de ir ou voltar do trabalho, pois, se chover, ele vai ter de usar aquele calçado novo que comprou num saldão e ainda parcelou em três vezes e que deveria ser o "calçado de sair", porque afinal, não tem dinheiro nem crédito mais para adquirir outro... O mesmo valendo para roupas e outras necessidades, até quando precisa comprar um remédio é um Deus nos acuda, liga pro cartão pra ver se ainda tem algum saldo, cata as moedas do cofrinho, tira saldo do banco, calcula se ainda vai sobrar dinheiro para comida e passagens, até porque o TJ te desconta mais da metade do "auxílio-transporte" (quero ver se descontam metade do auxílio-moradia também...!). Fujo até do médico, por não tenho nem o da "taxinha de consulta do IPE"! Só vou se estiver quase impossibilitado de ir trabalhar ou mesmo de enrolar a esposa para ela acreditar que não preciso de médico.

Apesar de todo aquele dinheiro sobrar como vocês nos alertaram, eles acabam de nos chacotear com esses 2,25% que correspondem a ZERO DE AUMENTO, pois se refere ao desconto do IPE que aumentou...

Enquanto minha esperança vai apresentando falência múltipla dos seus órgãos e segue respirando por aparelhos, sigo lutando contra minha vontade de mandar tudo às favas e isso, colegas, que eu sempre fui uma pessoa extremamente moderada, que fiquei satisfeito com os 12% parcelados do ano passado e que, novamente, ficaria satisfeito até com uns 10% de aumento para nós, pois, afinal, pra quem anda com a carteira vazia qualquer merreca já dá uma melhorada no sentimento.

Me sentia mais digno quando trabalhava na iniciativa privada, pois sabia que o patrão ganhava uns cinco mil e eu não ganhava nem mil reais, mas ele me dava mais de 2,25% de aumento, sempre planejava coisas que aumentavam significativamente meus ganhos mensais, ainda que não fosse de maneira definitiva, porém, me sentia valorizado e digno, por só ganhar menos que os donos e a gerente, que merecia mesmo ganhar mais porque sabia mais que eu e trabalhava mais que eu assim como os patrões também, que tinham saído do nada e foram crescendo por saberem trabalhar.

Este é o relato de mais um servidor à beira de um colapso de nervos.

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Um blog para lutar em defesa dos Servidores da Justiça do Rio Grande do Sul. Os autores propugnam pelos princípios republicanos; almejam uma sociedade justa

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