Justiça para os trabalhadores da justiça: Isonomia entre as entrâncias já!
A Constituição Federal garante a isonomia dos salários entre os servidores das diferentes entrâncias, consagrando em seu texto o princípio de que deverão ser pagos salários iguais para iguais funções.
O Tribunal de Justiça, entretanto, descumpre, sem a menor vergonha, este princípio, mantendo, até hoje (22 anos depois de promulgada a "Constituição Cidadã") a diferenciação de salários nos mesmos cargos, dependendo da entrância da comarca em que trabalham. Pouco importa se um Oficial Escrevente ou Serviçal celetista de Giruá faz o mesmo serviço que o de um de Gravataí ou Porto Alegre, porque a injustiça salarial faz com que os do interior recebam até 23% menos do que na capital, conforme a última lei que definiu a escala de salários, que data de setembro de 1989.
Ir além das ações judiciais:
Nestes anos todos, a única vez que o Sindjus foi além das simples ações judiciais a respeito da matéria (julgadas improcedentes, de forma absurda, pelo próprio patrão), foi por ocasião da elaboração do ante-projeto de lei de plano de carreira, engavetado, em 1994, quando nosso candidato a coordenador-geral era o representante,eleito em Assembléia Geral, do sindicato na comissão que o elaborou. E, graças à sua atuação, foi possível colocar a isonomia naquela ante-projeto, garantido como básico de cada cargo, antes de iniciar a carreira, o salário de PortoAlegre. Infelizmente, devido à má vontade, do Tribunal, o ante-projeto foi engavetado.
Hoje que o Sindjus é chamado, mais uma vez, para compor comissão que elaborará o Plano de Carreira tão esperado e nunca implantado, é preciso que garantamos a isonomia no texto da futura lei.
O Tamanho do rombo:
Afinal, além das perdas salariais comuns a todos os servidores, os trabalhadores da Justiça de 1.º grau ainda padecem desta discriminação, cujos números são estarrecedores. Confira abaixo o que cada padrão de vencimentos perdeu, levando em conta o salário básico atual, sem juros nem correção, nem as vantagens temporais de cada um (triênios e adicionais) nos últimos 21 anos pelo não cumprimento da Constituição:
PADRÃO |
CARGO (exemplificativo) |
ENTRÂNCIAS |
PERDA MENSAL (salário atual) |
PERDA TOTAL DESDE 1989 (289 parcelas mensais) |
PJ-B |
AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS |
INICIAL |
185,28 |
53.517,02 |
INTERMEDIÁRIA |
94,68 |
27.362,52 | ||
PJ-G-I |
OFICIAL ESCREVENTE |
INICIAL |
563,96 |
162.984,44 |
INTERMEDIÁRIA |
296,39 |
85.656,71 | ||
PJ-H |
OFICIAL DE JUSTIÇA DA INFÃNCIA E JUV. |
INICIAL |
1.074,40 |
310.501,60 |
INTERMEDIÁRIA |
563,28 |
162.787,92 | ||
PJ-I |
OFICIAL AJUDANTE |
INICIAL |
632,17 |
182.697,13 |
INTERMEDIÁRIA |
325,94 |
94.196,66 | ||
PJ-J |
ESCRIVÃO |
INICIAL |
899,07 |
259.831,23 |
INTERMEDIÁRIA |
461,12 |
133.263,68 |
Se considerarmos o salário necessário à recuperação integral das perdas, o cenário se mostra mais desastroso ainda:
PADRÃO |
CARGO (exemplificativo) |
ENTRÂNCIAS |
PERDA MENSAL (salário atual) |
PERDA TOTAL DESDE 1989 (289 parcelas mensais) |
PJ-B |
AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS |
INICIAL |
272,36 |
78.670,02 |
INTERMEDIÁRIA |
139,18 |
40.222,90 | ||
PJ-G-I |
OFICIAL ESCREVENTE |
INICIAL |
829,02 |
239.587,13 |
INTERMEDIÁRIA |
435,69 |
125.915,36 | ||
PJ-H |
OFICIAL DE JUSTIÇA DA INFÃNCIA E JUV. |
INICIAL |
1.579,37 |
456.437,35 |
INTERMEDIÁRIA |
828,02 |
239.298,24 | ||
PJ-I |
OFICIAL AJUDANTE |
INICIAL |
929,29 |
268.564,78 |
INTERMEDIÁRIA |
479,13 |
138.469,09 | ||
PJ-J |
ESCRIVÃO |
INICIAL |
1.321,63 |
381.951,91 |
INTERMEDIÁRIA |
677,85 |
195.897,61 |
O que foi perdido, nunca mais volta: Para se entender melhor o significado destas cifras, imagine o leitor, que é um oficial escrevente de entrância inicial, por exemplo, que, se ao invés de ter deixado de receber, desde setembro de 1989, o valor de R$ 240 mil, em razão do descumprimento da isonomia salarial com a capital e da perda inflacionária não recuperada, estes valores lhe tivessem sido religiosamente pagos e ele, voluntariamente, os tivesse colocado em alguma aplicação que rendesse o suficiente para repor a inflação do período. Com esta bagatela poderia, hoje comprar 10 carros Ford Ka 2010/2011, ou duas casas de boa qualidade no interior do Estado. Entretanto, este pequeno prêmio de loteria foi simplesmente sonegado pelo Tribunal e representou, isto sim, comida não posta na mesa, educação de qualidade que não pudemos dar a nossos filhos, condições de vida dignas e decentes, condizentes com o sacrifício diário a que nos dedicamos em um trabalho com falta de servidores e, mesmo assim, de alta qualidade, que não nos foram dadas. Só a luta pode fazer com que a justiça nos faça justiça: Mas, para garantir, que a isonomia salarial entre entrâncias venha a ser reconhecida pelo patrão, nos dando o que é tão somente justo e garantido em lei, é necessário que o Sindjus seja liderado por uma direção disposta a exigi-lo e com capacidade e credibilidade para mobilizar os servidores nesta luta. Não sabemos, por exemplo, nem quem é o representante do Sindjus na comissão que está elaborando o novo plano de carreira, e a atual direção sequer afirma abertamente a necessidade absoluta de que ele contemple isonomia, e não venha com armadilhas como avaliação do desempenho para demitir e extinção de cargos de chefia e sub-chefia. Por isto, em 12 de maio Assista nossa mensagem em vídeo, de sua casa: Filme de 3min25seg http://www.youtube.com/watch?v=x1Ze-VeWDGM Para assistir em casa!