DIREÇÃO PELEGA DO SINDJUS FOI AO TRIBUNAL COM OS BRAÇOS ESTENDIDOS E VOLTOU DE MÃOS VAZIAS!
Como eu já havia previsto no último comentário (e qualquer moleque que recém aprendeu o be-a-bá concluiria) o resultado da audiência dos intimoratos pelegos da direção do Sindjus-RS com o Presidente do Tribunal de Justiça foi nenhum!
Conforme notícia divulgada no site do sindicato, no final do expediente (e que parece ter sido redatada pelo fedelho que estuda o be-a-bá), “os dirigentes da entidade entregaram ao Desembargador Leal um ofício com as perdas salariais da categoria e colocaram a necessidade de um reajuste” (grifo nosso). Ao que o Marcão respondeu que “mandará um projeto à Assembléia Legislativa depois que o Conselho de Política Salarial do órgão fizer um estudo a cerca do índice de reposição para os servidores do judiciário“, e que “mandará o projeto ainda este ano para o Legislativo estadual.”
*Dinheiro, pra que dinheiro?
Ou seja, a nossa cordada diretoria foi devidamente enrolada e tem a cara de pau de assumir o fato publicamente. Cabe perguntar: que estudo pretende a administração do Judiciário fazer a respeito das perdas? Por acaso investigará se estas realmente montam a 44%? quem sabe são inferiores a este índice? (o mais provável em se tratando de uma gestão que privilegia os interesses da refinada magistratura, em detrimento da peonada de bolsos furados que sua nos cartórios e na entrega de mandados) Ou são bem maiores? (esta hipótese só é plausível se Cristo aparecer nos céus amanhã, em horário nobre)
Não é preciso pensar muito (coisa que poderá lesar os cérebros dos nossos dirigentes pelegos, devido ao esforço repetitivo) para concluir que os tais estudos prévios se resumem a inventariar os cofres do Judiciário para se ver se, contemplado o projeto que vincula os salários dos juízes gaúchos aos “subsídios” dos ministros do Supremo Tribunal Federal (propiciando aumentos de até 60% nos vencimentos dos nossos pobres magistrados) e a política de arrocho da governadora Yeda Crusius, sobrará algumas moedinhas para a diversão dos servidores da justiça. E nada mais vago do que a promessa de que o reajuste será enviado “ainda este ano” (de que já decorram quase sete meses), enquanto a inflação corrói, como camundongos, o poder aquisitivo dos servidores. Que não vêem um centavo de reposição há mais de três anos! Mas os nossos dirigentes sindicais apresentam este resultado como uma façanha e comemoram a conquista que foi a “quebra do isolamento” do sindicato, com a realização da produtiva audiência.
Qualquer direção sindical que se preze teria, no mínimo, diante desta resposta, exposto a indignação dos servidores com a desvalorização cada vez maior e progressiva de seus salários e estaria convocando a categoria a exercer pressão pública e forte pelo envio imediato de reposição que contemple a inflação decorrida desde 2004. Mas os ilustres pelegos cutistas não tecem o menor comentário a respeito da posição do TJ, mantendo-se educadamente neutros, o que corrobora os argumentos patronais.
Chegaram mesmo (e ainda admitem!), segundo a notícia, a utilizar como argumento para solicitar o reajuste o fato de que “mais de 50% da categoria não está recebendo mais a URV, o que rebaixa ainda mais os salários”. Ou seja, admitem que a indenização de direitos impagos (e legalmente incontestáveis) há mais de uma década, que deveriam ser ressarcidos de uma única (ou, no máximo algumas) parcela, seja utilizada como forma de tapar o rombo orçamentário (decorrente da inexistência de reposição) dos servidores e respectivas viúvas e viúvos (que muito companheiro morreu desde 1994, o ano em que ocorreu o expurgo na conversão dos salários para Real, sem ver a cor do dinheiro), em troca de reajuste!
*Ei, você, aí, me dá uma promoção aí!
O restante da reunião é de uma monotonia e imprecisão de dar dó! Conforme a notícia, “Além da questão salarial, os dirigentes falaram do plano de Carreira” e “Leal disse que o órgão está estudando o tema” (o que chega a ser deboche, pois, nos últimos treze anos, duas comissões oficiais, uma das quais eu fui membro - representando o Sindjus, em 1994 -, e um especialista da UFRGS elaboraram três versões diferentes de plano, todas engavetadas pelo TJ) e “reconheceu (sic) a defasagem de 1.612 cargos nas primeira e segunda instâncias do Judiciário” (sem apresentar, evidentemente, nenhuma solução para o descalabro de processos acumulados e servidores esgualepados ao tentarem acabar com as pilhas).
Sobre estes temas (que parecem constar da matéria somente como resposta à crítica deste blog à falta de objetividade da diretoria ao mencionar que iria “apresentar a pauta de reivindicações” ao presidente do TJ), novamente não se vê a menor crítica. Simplesmente citam as afirmações de Barbosa Leal, de forma textual e ingênua, de maneira a suscitar alguma vaga esperança de atendimento das reivindicações pela arbitrária boa vontade de sua excelência (sem qualquer mobilização dos diretores ou da categoria, que isto de fazer passeata e discursar nas ruas cansa muito, além de ser coisa de gente sem educação!). Os audaciosos sindicalistas parecem mesmo estar “emocionados” com o “reconhecimento” do Marcão da falta de mais de 1600 servidores na justiça. O Presidente do TJ sequer pensou em falar a palavra “concurso” (a única solução para o massacre diário que a categoria vive diante das montanhas invencíveis de processos atrasados e das reclamações da população que vai ao foro), mas, uma vez que “reconheceu” o problema, tudo está solucionado. Aquele trabalhador da justiça que está à beira de um ataque de nervos e já se estropiou na tendinite, de tanto trabalhar como um louco furioso, pode dormir tranqüilo. Vai continuar se esfalfando até ir pro hospício ou perder os braços, mas o excelentíssimo chefe-maior reconhece o seu sacrifício. E os pelegos diretores do sindicato vertem lágrimas pela preocupação de sua excelência!
* Alguém disse que os diretores são pelegos?
Mas a maior peróla é o final da matéria, que dá conta de que “o Sindjus afirmou a intenção de manter um diálogo institucional” com o Tribunal de Justiça, enfatizando a autonomia da entidade”. Coisa muito estranha para um órgão da natureza de um sindicato, que deve ser um movimento “vivo” e combativo da massa de trabalhadores e não uma entidade “oficial” (ou será que os nossos diretores receberam seus mandatos do Estado e não têm qualquer relação de representação com a categoria?).
Aliás, esta coisa de “enfatizar a autonomia” da entidade é uma gracinha. Do sindicato a coisa mais óbvia e pueril que se pode esperar é que seja independente do patrão, que não esteja subordinado ou atrelado a ele, caso contrário perde sua própria razão de ser. E isto é um fato que, se corresponde à realidade, deve ser tão natural como respirar. Não é preciso que seus dirigentes saiam gritando por aí, aos quatro ventos, que o “Sindjus é autonômo” do patrão! Ao menos, é claro, que haja alguma dúvida. E, neste caso, tanto empenho e ênfase em afirmar a autonomia é preocupante! Se ninguém perguntou para aquela dondoca namoradeira sobre sua conduta sexual, por que ela insiste tanto em afirmar que é virgem?
A coisa me faz lembrar um velho pelego candidato a presidente do Sindjus, que, financiado por uma empresa de seguros que pretendia obter o rico filão de contribuições, via convênio obscuro, da categoria, repetiu, “peremptoriamente”, em uma reunião em uma mesa de bar, há uns seis anos, três vezes a frase: “eu sou honesto”.
Mas, seja como for, se algum servidor ingênuo ainda acreditava que os “irmãos mais velhos” (a direção do Sindjus) iriam obter algum avanço de salário e condições de trabalho, suplicando, educada e humildemente ao “grande pai” (a administração do TJ) por seus “irmãos menores” (a categoria), pode tirar o cavalo manco da chuva. O encontro pode ser resumido da seguinte forma: nele os sindicalistas cutistas fingiram reivindicar (sem falar muito alto, para não machucar os augustos ouvidos presidenciais) e o Tribunal de Justiça, em recompensa a tão comportada gurizada, prometeu que vai pensar se é possível estudar alguma solução para encaminhar, quem sabe, não se sabe quando, para tão graves e complexos problemas (em tailandês a tradução da última frase é: blá-blá-blá-blá). Hasta la vista!
Ubirajara Passos