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11 juin 2006

Instabilidade no Parquet

Valdir Bergmann

A estabilidade do servidor público é uma instituição peculiar republicana. Diferentemente do que muitos pensam, não foi criada como privilégio do trabalhador em órgãos do Estado. Ele também se beneficia, mas o objetivo de tal princípio é assegurar ao cidadão, donde emana todo poder estatal, a segurança de que seus agentes possam exercer a vontade popular inscrita na legislação com isenção, livre de governantes temporários prepotentes ou grupos econômicos mafiosos. O servidor público é agente do Estado e não empregado de governos ou facções. Essa estabilidade nunca foi absoluta. Uma vez admitido, abaixo do princípio da isonomia, por concurso público, é submetido a estágio probatório. Aprovado neste, deve desempenhar seu mister sob o manto da mais elevada ética com que deve ser regida a coisa pública. Faltoso, pode ser demitido por sentença judicial ou decisão em processo administrativo, no qual deve ter direito à ampla defesa.

Com os ditames acima, a Constituinte originária de 1988 ordenou judiciosamente o serviço público. Mas, eis que, em 1998, o Congresso Nacional aprovou a Emenda nº 19, e flexibilizou a estabilidade. A aparente redundância foi inscrita no artigo 41, parágrafo 1º, inciso III:
“Parágrafo 1º - O servidor público estável só perderá o cargo:”
“Inciso III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei-complementar, assegurada ampla defesa.”.

Ora, em primeiro lugar há de se reconhecer que a própria Emenda n° 19 é inconstitucional: seja por alterar cláusula pétrea do “direito adquirido”, seja por ter sido promulgada por parlamentares sem poder constituinte, derrocando princípio estabelecido pela Assembléia Constituinte de 1988, esta, sim, originária. Em segundo lugar – sem terem legitimidade para tanto, revogaram direito não só dos servidores públicos – como acima já dito, mas do próprio povo que assim se manifestou por intermédio de seus verdadeiros constituintes.

Apesar de ilegítima a Emenda n° 19, é aparentemente redundante. Se as normas para o exercício da função pública já estavam bem definidas, e se já havia métodos processuais para afastar eventuais faltosos, então por que criaram o inciso III acima referido? A redundância é, apenas, aparente. Os parâmetros de avaliação a serem inscritos na lei-complementar, prestar-se-ão para fragilizar completamente o serviço público, abrindo caminho para a privatização da coisa pública. É o tão sonhado estado mínimo dos neoliberais. Tudo que de alguma forma puder render algum lucro, deve ficar nas mãos de um punhado de magnatas. O lucro não tem pátria. Está acima das nações, acima dos povos, dos cidadãos e o que estes têm de mais caro; a vida.

Devido a esse processo ilegítimo, quiçá, não se tem notícias de iniciativas para elaboração de lei-complementar prevista no inciso III. Mas a regra comporta exceções. Aqui no Rio Grande do Sul, o Poder Judiciário já fez articulações nesse sentido. O Ministério Público foi mais longe. Remeteu projeto de lei-complementar à Assembléia Legislativa do Estado. E a suspeita acima expressa, confirmou-se: entre os critérios de avaliação de servidores estáveis encontram-se os de “urbanidade” e “presteza”.Conceitos subjetivos, contra os quais o sindicado sequer pode se defender. O todo-poderoso de plantão, julgando direitos que não lhe pertencem, pode sentenciar o que bem entender, estando sempre perfeitamente enquadrado na lógica neoliberal.

E a ânsia em servir aos senhores neoliberais é tamanha, que o Ministério Público gaúcho sequer se importou em resguardar sua imagem de fiscal da lei. Objetivando cumprir o artigo 41 da Carta Magna, enviou projeto de lei-complementar à Assembléia Legislativa. A Assembléia Legislativa é órgão competente para aprovar lei-complementar à Constituição Federal? Em caso positivo, se todas as assembléias legislativas do país decidirem de forma diversa, o mínimo que se pode dizer, neste caso, que se concertou o artigo 41, mas violou-se uma das cláusulas pétreas que diz com a isonomia. E no caso de a Assembléia não ser competente para tanto, tese que eu defendo, ela se iguala a todas as outras instâncias incompetentes. E, neste caso, cabe mais uma pergunta: por que esta preferência pela Assembléia Legislativa? Podiam ter sido um pouco mais criativos e enviar o projeto, por exemplo, à Colenda Câmara de nossa simpática Tapes.

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11 juin 2006

Queda da estabilidade

Por Valdir Bergmann e Ubirajara Passos Como já é do conhecimento da categoria, o Tribunal de Justiça pretende enviar projeto de lei complementar à Assembléia Legislativa, objetivando à quebra da estabilidade. O pretexto é a demissão de servidores faltosos, notadamente por desídia. Pura falácia! O Tribunal já dispõe de legislação e formas processuais para tanto e, com alguma freqüência, delas faz uso. Qual, então, o objetivo real? É quebrar a estabilidade para poder demitir com base em critérios subjetivos, como, por exemplo, “presteza” e “urbanidade”. O atual servidor, selecionado por critérios de competência, idoneidade e que se submeteu a estágio probatório, simplesmente não terá mais garantias, ficando à mercê dos humores subjetivos de seus chefes. Uma vez livre dos que considera indesejáveis e alegando falta de pessoal, nada impede que seja aprovado projeto autorizando o Tribunal a contratar emergencialmente, a terceirizar, praticar o nepotismo e assim por diante. Nada de novo nesse processo. Depois da assunção do Presidente Collor de Mello, os donos do capital - nacional e forâneo, esforçam-se em moldar toda estrutura pública aos seus interesses. Os neoliberais não têm pátria, e os princípios republicanos não lhes agradam. Todas as instâncias e patrimônio públicos devem servir aos seus objetivos exploratórios, ao seu desiderato maior: o lucro. E pelo visto, não irão faltar incautos para “morder a isca”. O Poder Judiciário, após a Constituição de 1988, nunca foi a “menina dos olhos” dos grandes capitalistas. É neste poder que grande parcela da população pobre ainda consegue guarida em defesa de seus direitos mais elementares. Como exemplo, pode-se citar o direito à previdência pelos idosos, a defesa do consumidor, o Juizado Especial Cível, etc. E o escopo é acabar com tudo isso. Após quebrar a estabilidade dos servidores, os neoliberais - ávidos por lucro como são, não irão se dar por satisfeitos. Começarão a questionar, também, a estabilidade dos Juízes de Direito e Promotores de Justiça. Estes, que avaliam os direitos dos cidadãos – a quem servem - com espírito republicano e esteirados na ciência jurídica, não mais servirão. Serão substituídos por operadores do mercado! Espera-se que haja uma profunda reflexão sobre o significado dessa nova bandeira neoliberal que está sendo defraldada. Nossa condição de agentes públicos e diferenciada capacidade intelectual, não nos dão o direito de, tardiamente, posar de ingênuos e soluçar: eu não sabia… (artigo publicado no jornal “Lutar é Preciso” nº 91, do SINDJUSRS
4 juin 2006

Hipocrisia e cinismo de Tarso Genro

 

Por Valdir Bergmann

Tarso Genro está com a corda toda. Em entrevista à Folha, semana passada, pregou a redução dos salários, das pensões e das aposentadorias. E chamou o “direito adquirido” de instituição arcaica. Pois, ontem, voltou à carga: defende que ninguém pode ganhar mais que o Presidente, algo em torno de oito mil. E acenou com carteiraço: o Presidente Lula concorda!

       Esses neofariseus não conseguem se ater as falcatruas que vieram à tona no último ano. Precisam também debochar de todo mundo! Aliás, da minoria. A grande maioria tem a mentalidade deles. Por isso, capaz de se entusiasmar com a demagogia. A elite do país – que sempre é a mesma, mas agora anda mais cínica e hipócrita, faz de tudo para que o povo continue mergulhado no abismo da ignorância, tendo contribuído com esta lógica o próprio neofariseu de plantão, visto ter sido Ministro da Educação. Feito esse trabalho de base, aproveitam-se dessa massa de manobra em proveito da casta afrancesada.

       Quanto ao teto salarial, eventualmente, pode-se concordar em discutir seu valor. Embora há que se ter cuidado. Autoridades com alta capacitação, devem receber salários condizentes. Mas essa de limitar o salário ao soldo do Presidente, oito mil, disso essa personalidade ávida de mídia podia ter nos poupado. O Presidente tem regalias exclusivas. Tem guarda-costas, aerolula, todas as despesas pagas; dois palácios para morar e um, o Planalto, exclusivamente para ouvir as ordens dos estafetas do FMI. Se Tarso Genro me garantir dez por cento dessas mordomias, nem quero salário.

       Mas o inominável, Tarso disse em entrevista à Folha. Cassar o “direito adquirido”, cortar salários dos “privilegiados”; diminuir pensões e aposentadorias! Os pensionistas sequer têm paridade com os trabalhadores da ativa. A maioria deles deve estar recebendo menos de um salário mínimo líquido. E Tarso Genro acha isso um exagero. Devia ter se limitado a uma missão que, quem sabe, teria capacidade de levar a cabo: acabar com as filas do INSS, por exemplo. Se conseguisse êxito nessa empreitada, podia se dar por satisfeito. O Pró-Uni, que ele criou, saiu com a cara do PT: já virou caso de polícia.

       Essa psicopatia endêmica da elite em culpar justamente os que produzem as riquezas – os trabalhadores, pelas mazelas da República, pensou-se que não iria contagiar tão facilmente os companheiros da ética, da moral e da transparência. Ledo engano! Foram eficientes no aprendizado e já são mais realistas que o próprio rei. O tão propalado superavit primário é um dos maiores crimes de lesa-pátria já visto. Consiste em economizar ao máximo em saúde, educação, segurança e previdência para juntar o maior monte de dinheiro público possível. Então, além de fazer uma bela demagogia, entregar essa fortuna aos agiotas estrangeiros e nacionais, os ditos especuladores. Bem simples. E interessante: os corruptos – os quais todos sabem quem são, roubam o dinheiro de todas as formas e com insaciável apetite; depois o depositam em paraísos financeiros e encarregam algum técnico para especular no país que paga o maior juro do mundo. Fôssemos um país sério e descobríssemos todas as contas daquela súcia no estrangeiro, a taxa de juros despencaria no dia seguinte. E essa roubalheira, que é uma das maiores causas de nosso infortúnio, Tarso e Lula não querem enxergar ou, quiçá, não tenham capacidade para tanto.

       Mas o que mais choca e impressiona, é a capacidade de ser cínico e hipócrita de Tarso Genro. Ataca os direitos dos trabalhadores. Foi a vida toda advogado de trabalhadores, principalmente de funcionários públicos. Antes de o PT chegar aos palácios, o esquema era este: os petistas tratavam de se apossar de todos os sindicatos, e, aos que ficavam num raio de cem quilômetros de Porto Alegre, Tarso Genro prestava serviços de advogado. E com isso ficou literalmente milionário. Os trabalhadores que ele “defendeu”, não; continuam matando cachorro a grito! E, depois de ser Vice e Prefeito de Porto Alegre, sem ter sido incomodado com investigações, como foi Palocci( o Tarso tem mais sorte), bandeou-se para Brasília, com ânimo de ocupar qualquer cargo importante(ele é especialista em todas as áreas do conhecimento humano), contanto que esteja cercado de muita mídia; e cofres, por suposto. E munido de toda a empáfia típica dos peremptórios, chama os funcionários públicos, os aposentados e pensionistas de privilegiados. Isto tudo, instalado no maior latifúndio de cobertura do Moinhos de Vento.

        Depois que os escândalos do último ano levaram à lona os principais papas fascistas do PT, eis que este conseguiu sacar da manga, talvez, a última reserva moral, digo, reserva histérica(histeria no jargão psiquiátrico; fascismo no, político). Sugere-se que Tarso Genro cuide bem de sua tarefa. A preocupante degradação das relações econômicas e sociais do país, está a exigir medidas urgentes, contanto que atendam às aspirações populares. Se, aliado a essa tensão, o PT insistir com seus achaques de pregar moral de calça curta, as instituições da República podem não resistir por mais quatro anos.

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Um blog para lutar em defesa dos Servidores da Justiça do Rio Grande do Sul. Os autores propugnam pelos princípios republicanos; almejam uma sociedade justa

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